Saturday, October 29, 2005

eles

Se sentires os olhos embaçar ao abri-los
E veres outra, que não eu
Fecha-os novamente.

Penses em mim.

Essas lembranças conterão o teu pranto
E te farão procurar os meus toques (nela)
Meu ventre pulsante
Meu colo ofegante
Meu corpo destemido a te envolver.

Mas não.

Chega de sentimentalismo de esquina
Em qualquer rua há uma, ao menos
Nada de procurar brilho perdido em outros olhos - o dos meus é o bastante

Assim foste, e nunca mais voltarás.
Também fui, e nunca mais serei
estou
sinto
?definitivo em existo

Pra que palavras - mediações simbólicas da linguagem
Pra que sentimentos - instrumentos mediadores da alma
Descaracterizo-me como ser
não mais sinto
Mas ainda assim existo
E insisto em (me) encontrar
E as palavras não respondem - amontoam-se...
convulsões.

Escovo os dentes
Sai de minha boca


Busco por ar
Entra em meu corpo


Olho-me no espelho
Vejo-o nos meus olhos

Perco-me em fugas no tempo
Renasço no hoje sem ele

Comigo, novamente e só.
Refaço-me mais forte, até o próximo ato no tablado de meus sonhos

Molho minha boca em outros lábios a fim de esquecer o gosto dos dele
E em outros copos a fim de me esquecer...
abstrações.

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